Dermatologia Capilar

Calvície Feminina

Em mulheres, a calvície ocorre de forma mais sutil e de forma diferente dos casos masculinos, que são de origem genética em sua quase totalidade. Os casos femininos são mais complexos e diversos fatores influenciam na queda capilar. As mulheres passam por uma série de processos hormonais, como a menstruação, gravidez e uso de anticoncepcionais, que influenciam – e muito – na saúde dos fios. É importante considerar que hábitos saudáveis, como a prática de exercícios físicos regularmente e o controle do estresse, são muito benéficos não apenas para os cabelos, mas para o organismo como um todo.

Uma alimentação balanceada também afeta bastante a manutenção dos fios. O cabelo é formado essencialmente por uma proteína chamada queratina. Portanto, dietas pobres em proteínas ou de baixo valor biológico afetam bastante a vitalidade dos cabelos. Além disso, uma alimentação rica em vitaminas do complexo B, oligoelementos com Zinco e Cobre e também o Ferro é muito importante.

Existem diversas causas para a calvície feminina e não é simples detectar e tratar a doença. Exames clínicos e laboratoriais devem ser solicitados para realizar o diagnóstico. As mais comuns são:

Androgenética: de origem genética, corresponde a cerca de 70% das calvícies femininas. Geralmente outras mulheres na árvore genealógica (mãe, tias, avós, etc.) apresentam ou apresentaram rarefação capilar.

Eflúvio telógeno: um tipo comum de perda de cabelos em mulheres e que ocorre quando um grande percentual de fios estão, ao mesmo tempo, na fase telógena. Esta é a etapa de pré-queda do fio, fase em que ele se encontra fino e com espessura bem menor. Isso ocorre devido a distúrbios hormonais, nutricionais, estresse, entre outros fatores. Costuma ter início na fase adulta jovem ou adolescência e geralmente é resolvido somente com tratamento clínico.

Tricotilomania: ato compulsivo de arrancar os cabelos. Geralmente as falhas são encontradas em áreas localizadas. Não podem ser tratadas clínica ou cirurgicamente até que as causas emocionais e psicológicas sejam solucionadas.

Alopécia areata: doença autoimune que causa perda localizada de cabelos. Exame médico apurado é necessário para estabelecer diagnóstico.

Alopécia tracional: causada pela tração excessiva dos cabelos. Por exemplo, mulheres negras que prendem os cabelos para trás, tracionando-os muito, tendem a ficar com a testa alta. 

Alopécia cicatricial: Pode ser causada por sequelas de queimaduras, cirurgias plásticas faciais, radioterapia, entre outros. Nesses casos, a única solução é o transplante capilar.

Alopécia fibrosante frontal: tem um desenvolvimento lento e progressivo e pode levar à perda irreversível dos fios. Ocorre por um processo inflamatório do folículo piloso e suas causas ainda são desconhecidas. O tratamento geralmente é feito com medicamentos antiandrogênicos e anti-inflamatórios.

Testa alta: recuo da linha frontal do cabelo. Muitas vezes, esse quadro de rebaixamento não está associado a queda capilar ou calvície, mas é uma característica natural da pessoa. 

Também existem causas sistêmicas, como:

Níveis hormonais aumentados: neste caso, é importante investigar a causa deste aumento, que pode ser decorrente de situações diversas, desde um cisto de ovário até um tumor na mesma região ou na suprarrenal. O tratamento depende da causa.

Tratamentos

Existem hoje inúmeras terapias clínicas, com medicamentos tópicos, estimulação do couro cabeludo e laserterapia. É importante deixar claro que, se a causa for genética, nenhum tratamento clínico trará seus fios de volta, mas retardará muito a evolução de sua calvície. Em alguns casos, ocorre um espessamento dos fios, dando uma impressão de que o cabelo aumentou.

Os mais eficientes são:

Minoxidil: Age melhorando a circulação local e, consequentemente, retardando a queda do cabelo. Isoladamente os resultados são limitados, mas, associado a outros tratamentos, podem ser obtidos bons resultados.

Finasterida: age bloqueando a ação do DHT – o hormônio da queda – no bulbo capilar e retardando a calvície. Tem maior efeito e eficácia em homens.

Espironolactona: é um medicamento antiandrogênico que modula os hormônios masculinos produzidos pela mulher, ou seja, atua no controle do excesso da testosterona, reduzindo a ação do DHT nos fios. Deve ser cuidadosamente monitorado pelo médico e é de uso prolongado. O efeito começa a ser percebido após 3 a 6 meses de tratamento.

Multiwaves: é um procedimento a laser que estimula e acelera o crescimento de fios saudáveis, prolongando a fase anágena do ciclo capilar – responsável pelo crescimento do cabelo, além de ter um efeito anti-inflamatório, auxiliando no processo de cicatrização local e prevenindo a queda de novos fios.

Outros: Alguns especialistas utilizam tratamentos tópicos realizados em consultório, como a mesoterapia capilar. Nesse tratamento, “princípios ativos” são injetados diretamente na pele do paciente.

Transplante capilar: os fios saudáveis do próprio paciente são implantados nas áreas de rarefação capilar, mantendo um crescimento de forma natural e progressiva. Geralmente é indicado quando os tratamentos clínicos já foram esgotados e não tiveram bons resultados. Em casos de testa alta, é uma solução definitiva e apresenta resultados excelentes. Já na alopécia fibrosante frontal, a cirurgia pode ser realizada, desde que a doença não esteja mais em atividade. Estudos indicam que, após 5 anos, pode ocorrer uma queda de 30% dos fios transplantados, mas, geralmente, a área doadora nesses casos é muito boa, permitindo a opção de se fazer uma nova sessão.